sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fim


Este blog chega ao fim, entrámos de férias mas no fundo não sei se estarei convosco no próximo ano lecitvo. Adorei tê-los como alunos ... Até sempre!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Os conceitos de trabalho e de ócio


O termo trabalho refere-se a uma actividade própria do homem. Também outros seres actuam dirigindo suas energias coordenadamente e com uma finalidade determinada. Entretanto, o trabalho propriamente dito, entendido como um processo entre a natureza e o homem, é exclusivamente humano. Neste processo, o homem se enfrenta como um poder natural, em palavras de Karl Marx, com a matéria da natureza. A diferença entre a aranha que tece a sua teia e o homem é que este realiza o seu fim na matéria. Ao final do processo do trabalho humano surge um resultado que antes do início do processo já existia na mente do homem. Trabalho, em sentido amplo, é toda a actividade humana que transforma a natureza a partir de certa matéria dada. A palavra deriva do latim "tripaliare", que significa torturar; daí a passou a ideia de sofrer ou esforçar-se e, finalmente, de trabalhar ou agir. O trabalho, em sentido económico, é toda a actividade desenvolvida pelo homem sobre uma matéria prima, geralmente com a ajuda de instrumentos, com a finalidade de produzir bens e serviços.


Termo ócio

Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às idéias e ao espírito…”Na Grécia antiga dava-se mais valor ao ócio do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses, já que os espartanos eram guerreiros. O quotidiano do povo grego acontecia fundamentalmente nos ginásios desportivos, nas termas, no fórum ou outros lugares de reunião. Interessante notar que a palavra ócio, em grego, é skole; de onde deriva a palavra escola em português, que em latim é schola e em castelhano, escuela. Quer dizer, os nomes dados aos lugares destinados à educação significavam ócio para os gregos. Assim, eles consideravam o ócio como algo a ser alcançado e desfrutado. Para o filósofo Aristóteles, o ócio era uma condição ou estado – o estado de estar livre da necessidade de trabalhar. Ele fala também da vida ociosa em contraposição à vida de acção, entendendo por acção as actividades dirigidas para obtenção de fins materiais. Não considerava ócio a diversão ou o recreio, porque eram actividades directamente relacionadas com descanso do trabalho; e a capacidade de viver devidamente o ócio era a base do homem livre e feliz. Já o conceito de ócio dos romanos na Idade Média era que as pessoas muito ocupadas buscavam-no não como um fim, mas como descanso e diversão no intervalo de suas diversas actividades – exército, comércio, governo. De acordo com estudiosos, a vida de ócio dos gregos só foi possível por causa da escravidão, pois na época havia duas classes de homens: os dedicados à arte, à contemplação ou à guerra; e os que eram obrigados a trabalhar, inclusive em condições precárias: os escravos. Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às ideias e ao espírito, na contemplação da verdade, do bem e da beleza, de forma não utilitária.
Vários autores e o cidadão comum utilizam diferentes termos para se referir ao tempo livre:Ócio (do latim otiu) = vagar, descanso, repouso, preguiça;Ociosidade (do latim otiositate) = o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça;Descanso = repouso, sossego, folga, vagar, pausa, apoio, demora;Lazer (do latim licere) = ócio, vagar.Fazendo convergir as diversas expressões, podemos considerar a ausência de qualquer actividade concreta, ou seja, certa liberdade de não fazer coisa alguma. Surge de forma clara uma tentativa de definir certo tempo (fora das ocupações diárias) em contraponto com o outro tempo (o das ocupações diárias). Assim, o conceito “tempo livre” parece aquele que melhor corresponde à necessidade de “baptizar” a parte do dia em que não estamos ocupados com actividades definidas. O conceito mais aceito a respeito do lazer é o do sociólogo francês Joffre Dumazedier: “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir- se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
(Adaptação de texto retirado da net)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Análise de duas pinturas

Bosch

Paula Rego
Olha para os quadros atentamente e responde às seguintes questões:

O que vos sugere os quadros?
O que sentem?
Que horas serão?
Que cores estão presentes?
Que cheiros sugerem os quadros?
Que ruídos se ouvirão?
Onde estariam no quadro? Porquê?
Que perguntariam?
O que temos representado? Com que tipo de pinceladas?
Qual é o estado de alma do autor?
Que tipo de linhas temos nos quadros?
Até que ponto o representado se afasta da realidade?
O que pretende mostrar o autor?
O que tiravam do quadro ou ampliavam?
Quantos planos identificam no quadro?
O que acrescentariam, à primeira pergunta, depois desta análise?
Dá um título a cada quadro?
Escreve uma frase relativa a cada quadro.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O valor da arte reside em si mesma

Paula Rego



"A Arte não é expressão de nada, a não ser de si mesma. Tem uma vida independente, tal como o Pensamento a tem, e desenvolve-se estritamente por caminhos próprios. Não é necessariamente realista numa época de realismo, nem espiritual numa época de fé. Longe de ser uma criação do seu tempo, está normalmente em posição frontal a ele, e a única história que preserva para nós é a história da sua própria evolução. Por vezes, retrocede sobre si mesma, e faz reviver alguma forma antiga, como aconteceu como o movimento arcaizante da arte grega tardia, ou no movimento pré-rafaelita dos nossos dias. Noutras alturas, antecipa por completo a sua época, e produz num dado século obras que exigirão um outro século para serem percebidas, apreciadas e fruídas. Em circunstância alguma reproduz a sua época. Passar da arte de uma época à época em si é o grande erro que todos os historiadores cometem.
A segunda doutrina é esta. Toda a má arte nasce de um retorno à Vida e à Natureza, e da elevação destas a ideais. A Vida e a Natureza podem por vezes ser usadas como parte da matéria prima da Arte, mas, antes de constituírem um benefício real para ela, têm de ser traduzidas em convenções artísticas. No momento em que a Arte abandona o seu meio imaginativo, abandona tudo. Como método, o Realismo é um fracasso completo, e as duas coisas que todo o artista deverá evitar são a modernidade da forma e a modernidade de assunto. Para nós, que vivemos no século XIX, qualquer século, excepto o nosso, é assunto adequado à arte. As únicas coisas belas são as coisas que não nos dizem respeito. Para ter o prazer de me citar a mim próprio, é exactamente porque Hécuba não nos é nada que os seus infortúnios são um tema tão adequado a uma tragédia. Para além disso, só aquilo que é moderno poderá, alguma vez, passar de moda. O Sr. Zola senta-se para nos dar um retrato do Segundo Império. Quem quer saber hoje do Segundo Império? Passou do prazo. A Vida anda mais depressa do que o Realismo, mas o Romantismo anda sempre à frente da Vida.
A terceira doutrina é que a Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida. Isto resulta não apenas do instinto imitativo da Vida, mas do facto de o fim confesso da Vida ser o de encontrar expressão, e de a Arte lhe oferecer algumas forma belas através das quais poderá realizar a sua energia. Esta é uma teoria nunca antes exposta, mas que é extremamente fértil, e lança uma luz inteiramente nova sobre a História da Arte.
Segue-se como corolário disto que também a natureza exterior imita a Arte. Os únicos efeitos que é capaz de mostrar-nos são efeitos que víramos antes na poesia, ou em pinturas. É este o segredo do encanto da Natureza, bem como a explicação da sua debilidade.
A revelação final é que Mentir, o enunciar de coisas belas e falsas, é o verdadeiro fim da Arte. Mas disto creio ter dito que chegue. E agora vamos até ao terraço, onde "cai o pavão branco de leite como um fantasma", enquanto que a estrela da tarde "deslava de prata o entardecer". Ao crepúsculo, a natureza adquire um efeito maravilhosamente sugestivo, e não é desprovida de encanto, embora, talvez, a sua função principal seja a de ilustrar citações dos poetas. Anda! Já falámos que chegasse."

Oscar Wilde,Intenções: Quatro Ensaios Sobre Estética, Cotovia, Lisboa, 1992, pp. 50-52

O espectador

Klimt


Mas a obra de arte uma vez constituída, fica liberta das amarras que a une ao criador. Ela fica a fazer parte de um mundo físico , valendo por si. As intenções que presidiram à sua criação podem não ser captadas pelo espectador que perante ela se situa. A obra de arte sobrecarrega-se das significações próprias de quem contempla, pelo que a sua interpretação se afasta muitas das vezes daquilo que o artista quis comunicar.
O sujeito que contempla faz uma leitura da obra de arte, construindo uma estrutura inteligível que lhe permite perceber o que vê, o que ouve, o que percepciona. A captação racional daquilo que se observa dá-nos uma imagem que tende para a objectividade, por se conformar às determinações do objecto em questão. O comportamento estético implica que possamos a partir de imagens construir renovadas configurações do real.
É pela imaginação que criador e espectador se afastam do real dado e se evadem por esferas em que as representações adquirem caracteres que se vão distanciando do mundo natural, entrando num mundo totalmente livre.



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O artista criador e espectador

Monet


"Na noção de obra de arte estão geralmente implícitos dois aspectos: a) o autor realiza um objectivo acabado e definido, segundo uma intenção bem precisa, aspirando a uma fruição que o reinterprete tal como o autor pensou e quis; b) o objecto é fruído por uma pluralidade de fruidores, cada um dos quais sofrerá a acção, no acto de fruição, das próprias características psicológicas e fisiológicas, da própria formação ambiental e cultural, das especificidades da sensibilidade que as contingências imediatas e a situação histórica implicam. (…)
O autor não ignora geralmente esta condição de situacionalidade de cada fruição; mas produz a obra como abertura a estas possibilidades, abertura que, no entanto, oriente tais passibilidades."
Umberto Eco, A Definição da Obra de Arte.

1. Tendo o texto como referência, discuta a interacção necessária entre o artista criador e o público receptor da obra de arte.

(Retirado do site Netprof)

A especificidade da linguagem artística

Klimt

Na arte está patente um complexo de símbolos transmissores das vivências do artista, pelo que toda a arte se constitui como linguagem. De facto, a obra de arte é um conjunto mais ou menos ordenado de sinais, emitidos pelo criador e que o espectador tem de interpretar em termos de significado. A sua linguagem é altamente subjectiva, a arte serve-se de sinais específicos para dizer o que as formas de comunicação objectiva não conseguem dizer. A linguagem objectiva presta-se para exprimir realidades exteriores sobre as quais todos podem estar de acordo. Já a arte se presta a traduzir aquilo que em nós existe de mais secreto, subjectivo e de mais difícil comunicação. A obra de arte exige uma leitura especial.
Em face de criações abstractas, o acesso ao conteúdo significativo torna-se mais difícil, então a obra é interpretada mais em função das significações daquele que a contempla do que das intenções do artista que a concebeu. Nestes casos, o espectador torna-se criador, projectando na obra a sua experiência de vida, os seus conflitos, as suas esperanças, os seus anseios, os seus projectos. Por esta razão não há duas leituras iguais da mesma obra de arte.
Sendo a arte uma linguagem, o que é que ela pode dizer?
Pode dizer aquilo que o artista quer transmitir. Ele relata todo um conteúdo significativo referente, por exemplo a um acontecimento, paisagem natural, o artista pode espelhar a sociedade do seu tempo de um modo elogioso ou crítico. Pode expressar convicções religiosas ou políticas. Mas a intenção do artista não é apenas falar do mundo exterior. Ele fala igualmente de si, transmitindo aos outros o seu modo próprio de sentir e de pensar, as suas emoções, os seus estados de alma, o mundo interior. Para além do mundo exterior e interior que o artista quer comunica aos outros há que referir aquilo que o artista diz sem ter consciência.
Pois, a obra de arte fala, a arte é palavra, criação é palavra- isto significa que criar é uma iniciativa individual, como falar. O objecto criado é também uma palavra, uma mensagem.
A arte é uma forma de expressão e como tal objectiva; materializando, eternizando uma experiência, mas é também uma forma de comunicação, pressupõe um destinatário/receptor de uma mensagem, como qualquer outra linguagem. A arte é vista como um texto que implica uma actividade interpretativa do leitor. A linguagem artística é polissémica, o que permite a recriação por parte do espectador.
A natureza enquanto mundo físico, está presente na obra. É nela que o artista se inspira, é dela que retira os elementos ao dispor, é dela que extrai as cores, os sons, as formas, as personagens, os movimentos, os ritmos que combinam para dar corpo à criação.
O artista tem procurado a melhor maneira de se exprimir e de comunicar. Utilizando os mais diversos materiais (tela, palavras, vidro, plástico, etc.) recorrendo às mais variadas atitudes provocatórias, alterando os mais diversos cânones.
A criação artística não resulta exclusivamente da actividade consciente implicada na preparação e execução da obra. Para se ser artista, é necessário algo mais do que adquirir conhecimentos de arte, desenvolver a sensibilidade e dominar técnicas de execução através de esforços voluntários, conscientes e intencionais. Fala-se de talento, de intuição, de imaginação, pretendendo aludir a processos psicológicos não localizáveis no domínio conscientes. A obra é o resultado de um longo esforço, preparatório em que o artista se empenha conscientemente munido de elementos fundamentais.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A linguagem da obra de arte

Matisse


"Na arte abriga-e o sentido múltiplo do mundo e o habitar resiste à sua banalização e profanação. Daí a hermenêutica e a sua exploração configuradora da verdade. A verdade da obra de arte apenas acontece na sua compreensão que por sua vez deve determinar-se como "um acontecer de sentido no qual se forma e conclui o sentido de todo o enunciado, tanto da arte como de qualquer outro género de tradição".
Isto significa que a verdade da arte é um acontecer de sentido, que se cumpre na sua recepção por parte do espectador ou intérprete. Na arte, a verdade surge-nos sob a forma de uma exigência: é preciso transformá-la em compreensão. É necessário integrar a sua mensagem na nossa situação particular concreta. Só assim somos iluminados pelo efeito do belo: quando, pela nossa interpretação, fazemos acontecer a dimensão possível do sentido aberta pelo por em obra a verdade. (...) Não existe uma interpretação única da obra de arte ou do literário. Toda a interpretação é situada e contextual. É no conflito dos horizontes que motivam as interpretações, sempre movidas pelo problema da autocompreensão humana, que se rasga finalmente, o caminho da verdade aberta pela arte. Arte e Hermenêutica fazem, pois, parte do mesmo processo do acontecer inacabado do sentido plurívoco do estar-no-mundo."
Maria Luísa Portocarrero Silva, O Significado da Obra de Arte em H. G. Gadamer, in O Homem e o Tempo

1. Tendo presente o estatuto da obra de arte, explique o sentido da seguinte afirmação: "na arte abriga-se e o sentido múltiplo do mundo e o habitar resiste à banalização e á profanação.
2. Partindo dos seus conhecimentos sobre a linguagem artística, explique o alcance da seguinte afirmação: "não existe uma interpretação única da obra de arte ou do literário.

A arte como expressão do mundo interior do artista

Klimt

O artista procura projectar na sua obra aquilo que ele encerra em si; quer de necessidade de uma certa harmonia, quer de uma maneira de pensar ou de sentir. Tenta transmitir este segredo numa imagem legível equivalente a ser decifrada pelos outros. A arte aproxima-se da expressão. O artista tenta fazer entrar mundo invisível no visível, tenta transmitir numa linguagem legível (escrita, fílmica, pictórica ou outra) para que possa ser decifrada pelos outros. A arte revela a sensibilidade e é a sensibilidade a primeira das faculdades que deve ser educada e que é suporte de toda a educação. A obra de arte é imagem-símbolo expressiva de uma realidade psíquica. Muitas vezes se crê que ela mostra os aspectos da realidade material, mas, por mais realista que seja , é a própria essência do artista que é revelada, confessada.
A obra de arte apresenta-se-nos como individual, na medida em que é concebida e realizada por uma artista. Sabemos que ele não é imune às influências daquilo que o cerca. Ele é um ser histórico com um passado que assume como seu, com um presente e tudo isso se repercute na obra que acaba por ser a expressão do mundo do artista. O artista não é o interprete cego das forças circunstanciais. Artista e sociedade conjugam-se na obra de arte que exprime a maneira de pensar, a concepção de vida e a visão do mundo dos homens que constituem a sociedade do seu tempo.

A arte como expressão do mundo exterior do artista

Monet

A arte é sempre criação, mesmo quando se julga imitar a natureza ou a vida moral e social. Porque criar é sempre reestruturar materiais, ideias, linguagens que se encontram já à nossa disposição. A arte é sempre criação não porque parta do nada, mas porque actualiza o que estava em potência.
Para Aristóteles a arte é imitação, pois a arte é em parte imitação do que é, mas há na natureza coisas que não estão acabadas nem foram levadas a bom fim. A arte acaba o que a natureza não teve tempo nem gosto de acabar. A arte rivaliza com a natureza. Todas as artes são artes de imitação. A arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem homem, mas talvez não haja homem sem arte. Através dela, o homem exprime-se mais completamente, compreende-se e realiza-se melhor.
Porque é que a arte é uma necessidade? A arte é uma função essencial do homem, indispensável ao indivíduo ao indivíduo como às sociedades. A arte começa no momento em que o homem cria, para representar ou para exprimir. A arte aproxima-se de uma impressão.
A arte não é só expressão do mundo exterior, ela é também forma de comunicação. A arte fixa o modo imediato, emotivo, modelos de comportamento, projectos de vida. A comunicação faz parte da essência de toda a actividade social do homem a começar pela produção em geral e pela produção artística em particular.
A produção artística orienta a vida do artista, por meio do objecto artístico procura orientar toda a acção dos homens em função de modelos, horizontes de sentido. A arte não pode dissociar-se do mundo natural e do mundo social.O artista não pode visar o mundo exterior sem arrastar com ele a revelação do seu mundo interior. Não pode aspirar a mostrar o seu mundo interior sem passar pelo intermediário dos aspectos do mundo exterior. O mundo natural só interessa ao artista como ponto de partida, como pretexto para dar livre curso às suas emoções.

Filme "Modigliani - Paixão pela Vida"

Modigliani
Ele revolucionou o mundo das artes como um cometa, dançando sobre as mesas, embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obsessão. Ele é o famoso pintor italiano Amedeo Modigliani, um gênio criativo que viveu e absorveu a charmosa Paris do início do século 20 com uma atração incontrolável pela beleza. Sempre com a mesma intensidade, o judeu Modigliani amou a católica Jeanne Hebuterne e odiou o genial Pablo Picasso. Sua obra inesquecível e sua vida atribulada são agora retratadas neste lançamento imperdível da Universal Pictures que não pode ficar de fora de nenhuma prateleira de bom gosto.

O filme "Frida"


O filme retrata a vida da pintora mexicana Frida Kahlo, desde a sua adolescência até a morte. Frida Kahlo foi um dos principais nomes da história artística do México. Conceituada e aclamada como pintora, ela teve também um casamento aberto com Diego Rivera, seu companheiro também nas artes, e ainda um controverso caso com o político Leon Trostky e com várias outras mulheres.
No filme, o marido Diego Rivera representa um mulherengo, e Frida aceita-o pedindo-lhe apenas lealdade, o que nao acontece quando Frida encontra Diego com sua irmã, então ela pede o divórcio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O artista e o tempo

Picasso


"Esta necessidade interior é constituída por três necessidades místicas:
1.º Todo o artista, como criador, deve expressar o que é próprio da sua pessoa (elemento da personalidade)
2.º Todo o artista, como filho da sua época, deve expressar o que é próprio da sua época (elemento de estilo no seu valor interno, composto pela linguagem da época e pela linguagem do povo, todo o tempo que este se mantenha como nação);
3.º Todo o artista, como servidor da arte, deve expressar o que em geral, é o próprio da arte (elemento da arte pura e eterna que se encontra em todos os seres humanos, em todos os povos e em todos os tempos, que aparece na obra de arte de todos os artistas, de todos os artistas, de todas as nações e de todas as épocas e que não obedece, como elemento essencial da arte, a nenhuma lei espacial ou temporal).
Através dos dois primeiros elementos, olho espiritual põe a descoberto o terceiro. Há que convir então que a coluna " toscamente" esculpida de um templo índio está armada pela mesma alma que uma obra viva da mais pretendida modernidade.
Só o elemento de arte puro e eterno conservará o seu valor. Em vez de diminuir a sua força, o tempo aumentá-la -á sem cessar e conferir-lhe - á uma renovada pujança. Quanto mais uma obra "actual" possui esses elementos característicos do artista e do seu século, tanto mais fácil será ter acesso à alma dos seus contemporâneos. Em contrapartida, quanto mais predomina naquela o elemento puro e eterno, mais ocultos parecerão os outros dois, e mais dificuldade tenderá a obra em aceder à alma dos seus destinatários. Às vezes são necessários séculos para que o puro alcance por fim a alma humana.
Pode-se, portanto, afirmar que a preponderância do terceiro elemento numa obra constitui o índice da grandeza do artista."
Wassily Kandinsky, Do Espiritual na Arte e na Pintura em Particular


1. Partindo do texto, comente o modo como a criação do artista nos permite conhecer melhor o sujeito humano e mundo que o envolve.
2. A obra de arte caracteriza-se pelo seu carácter multidimensional. Reproduza elementos do texto que comprovem esta característica da obra de arte.

(Retirado do site Netprof)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O criador artístico

Monet


"O criador é o homem que recusa a aparência para encontrar o momento do aparecer, para converter a epifania do sensível em hierofania. Assim nos conduz a pintura contemporânea à do olhar, aonde se não pode ainda dizer: já vi; a música à origem da audição; a poesia à origem da palavra. Desconstruindo a prosa que consagra a prosa do mundo, a poesia restitui ao nome o seu parentesco original com o que nomeia, restitui a linguagem à sua natureza, à natureza.
Por outras palavras, o criador é aquele homem que, abandonando a segurança da representação, retorna à presença, na proximidade do originário onde o homem e o mundo não estão ainda separados, simultaneamente para se deixar inspirar por esta familiaridade nativa e para dizer ao seu modo: para dizer a criação.
Mikel Dufrenne A Estética e as Ciências da Arte, p. 56. Livraria Bertrand.

1. Tendo o texto como referência, discuta o papel desempenhado pelo criador da obra arte.
2. Diga por que motivo, a obra de arte, é um modo de "desconstruir" a realidade sensível.

(Retirado do site Netprof)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A criação artística

Monet


«A arte começa no momento em que o artista cria para representar ou para exprimir. Num e noutro caso, serve-se de um objecto, moldado pela sua mão, criado por ele: a obra de arte. Por meio dessa obra representa ou exprime, isto é, tenta romper num e noutro caso, um dos limites que a natureza lhe impõe.
Quando representa, luta contra a impossibilidade em que se encontra de escapar à fuga do tempo, que vai abolindo o que somos: confia-o a uma matéria mais estável e durável do que a memória.
Nas sociedades antigas, o homem esculpia ou pintava o mito religioso ou o acontecimento histórico; cujo espectáculo desejava fixar: nos tempos mais recentes, tenta preservar um rosto ou uma paisagem, cuja beleza fugidia o comoveu.»
R. Huyghe, L´Art e L `Homme.


1. Tendo o texto como referência, descreva o acto de criação artística.


(Retirado do site Netprof)

O juízo estético

Picasso
«É hoje uma verdade incontestável que o juízo de valor sobre uma obra depende da estrutura dessa obra. Mas talvez seja preciso insistir mais num outro factor: não é esse o único factor do juízo. Podemos supor que, para compreender melhor o valor da obra, é preciso abandonar esta primeira divisão territorial, necessária mas empobrecida, que separa a obra do seu leitor. O valor é interno à obra, mas só aparece no momento em que esta é interrogada por um leitor. A leitura é, não apenas um acto de manifestação da obra, mas também um processo de valorização. Esta hipótese não redunda em afirmar que a beleza de uma obra lhe é dada unicamente pelo leitor, e que esse processo continua a ser uma experiência individual que é impossível delimitar rigorosamente; o juízo de valor não é um simples juízo subjectivo; mas nós pretendemos ultrapassar esse mesmo limite entre obra e leitor e considerá-los como formando uma unidade dinâmica.
Os juízos estéticos são proposições que implicam muito o seu próprio processo de enunciação. Não se pode conceber esse juízo fora da instância do discurso onde ele é proferido, nem isoladamente do sujeito que o articula. Posso falar da beleza que para mim têm as obras de Goethe; posso falar, quando muito, da beleza que elas têm aos olhos de Schiller ou de Thomas Mann. Mas não tem sentido uma questão que incida sobre a beleza em si. Era talvez a esta propriedade dos juízos estéticos que se referia a estética clássica quando afirmava que esses juízos são sempre particulares.
Estamos a ver claramente nesta perspectiva por que é que a poética não pode e até nem deve pôr como tarefa primeira a explicação do juízo estético. Esta pressupõe não apenas o conhecimento da estrutura, que a poética deve facilitar, mas também um conhecimento do leitor e daquilo que determina o seu juízo. Se esta segunda parte da tarefa não é irrealizável, se encontramos meios para estudar aquilo a que comummente se chama o "gosto" ou a "sensibilidade" de uma época, quer seja através de uma pesquisa das tradições que os formam ou das aptidões inatas a qualquer indivíduo, então estabelecer-se-á uma passagem entre poética e estética, e a velha questão sobre a beleza da obra poderá pôr-se novamente.»
Tristan Todorov , Poética, Teorema, Lisboa


1. Identifica os factores determinantes do juízo estético, na perspectiva do texto.
2.Esclarece em que consistem esses factores determinantes do juízo estético.
3.Explica por que motivo o autor considera que «para compreender melhor o valor da obra» esta não pode ser separada do seu leitor.
4.Elabora um texto-síntese sobre o juízo estético com base nas informações do texto de Todorov e outros conhecimentos adquiridos nas aulas.

(Retirado e adaptado do site Netprof)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Sensibilidade e Juízo Estético

Matisse

Quando uma edificação (ex. fonte de Grândola), uma pintura, uma escultura ou uma mulher não deixa o observador indiferente, este reage dizendo: "gosto" ou "não gosto". Todos temos o direito de nos exprimirmos assim, qualquer que seja a nossa cultura ou capacidade de observação. Com efeito, não se discutem preferências individuais, porque estas são apenas opiniões subjectivas, que nunca deixam de ter razão, mas também nunca a têm, porque, para ter razão, é necessário que nos apoiemos em princípios objectivos. No campo dos valores estéticos, ou do Belo [consideramos, neste contexto, o conceito de belo, no mais amplo sentido desta palavra, como o trágico, o admirável, o amorável, etc.], a preferência subjectiva é a única possível. Qualquer indivíduo que desenvolvesse esforços no sentido de convencer os outros de que uma mulher deve ou não agradar, não só se cobriria de ridículo, como se tornaria suspeito. E tal posição só deveria merecer o alheamento dos outros. Com efeito, nenhum juízo crítico será possível se a sensibilidade artística faltar; mas não é menos verdade que a sensibilidade artística não é qualquer coisa simples como uma operação matemática; é, sim, o resultado de um conjunto de actividades humanas; desenvolve-se e amadurece com a experiência de vida e com a cultura. Aquele que é dado à contemplação, com afectuoso interesse, tornar-se-á mais capaz de sentir a qualidade da arte do que aqueloutro que possui um espírito destorcido e espontâneo. A prática da observação estética enriquecerá a sua sensibilidade. Porquanto, o que interessa não é justamente a mensagem, ou a sua significação reduzida a termos intelectuais, mas sim o objecto no qual se condensa uma experiência. Se somos sensíveis, perante um objecto estético, ou do Belo, experimentamos uma sensação e emoção intensas. A observação do Belo torna-se em paliativo, faz com que a pouco e pouco, as preocupações do momento se dissipem. O nosso pensamento como que se transcende, dirige-se para o universo, a sua grandeza, os seus limites que não podemos conceber; sentimos a nossa continuidade com este mundo de que somos parte e com o qual formamos corpo. Denominaremos este sentimento complexo como sentimento de existência da natureza. Este sentimento não pode ser reduzido a nenhum outro; só a natureza é capaz de o fazer nascer em nós. Vemos, portanto, que o domínio da beleza natural é complexo: este domínio é distinto do domínio da arte, que é o das obras humanas; é essencial não atribuir a um o que provém do outro e fazer uma distinção definitiva entre beleza natural e beleza estética das obras de arte. O som da guitarra portuguesa agrada-nos; a observação de um jardim encanta-nos, os versos de Pessoa deliciam-nos. São impressões específicas, a que se convencionou denominar por sentimentos estéticos. Impressões que, em maior ou menor grau, não há quem não as tenha sentido. Só que cada um sente o seu prazer estético de modo peculiar e a variedade dos gostos abre-se num leque multiforme e matizado. Dir-se-á que não há apenas uma fruição do Belo artístico, mas miríades. Cada um vê as coisas à sua maneira. Um quadro, por exemplo, será percepcionado de modo diferente, segundo o observador se interesse pela sua estética ou pela sua função, pela sua forma, pela sua cor ou pelo material utilizado. E convém recordar que um quadro não pode ser visto inteiramente de uma vez, com um só olhar. O visitante de um museu ou de uma galeria de arte pode dar livre curso à sua imaginação e formular juízos legitimamente subjectivos, juízos que, por outro lado, terá de rever frequentemente, visto que, sempre que voltamos a observar o mesmo objecto estético, encontraremos um pormenor que ainda não nos tinha sensibilizado. É na vida povoada de seres e de coisas, e regida por ideias, que o homem ama, sofre, se apraz, se alegra ou se comove. Por isso a arte nasce ligada à totalidade da vida, é uma recriação da própria vida. Sociedade, ideologia, religião, moral, política, tudo faz parte da experiência humana e tudo a arte exprime. De tudo a arte se nutre: do bem como do mal, do belo como do feio, do justo como do injusto, do verdadeiro como do falso, do real como do ilusório, do concreto como do ideal, da acção como do pensamento. Se esta reflexão tem algum sentido, como poderão todos os grandolenses gostar da "Fonte", que a actual Câmara edificou, se cada um expressa os seus sentimentos conforme as suas motivações do momento? Mas que a fonte está ali bem, lá isso está!
António Pinela, Reflexões, Fevereiro de 2004

1. Porque motivo se pode afirmar que no domínio dos juízos estéticos prevalece a subjectividade humana?
2. Explique, tendo o texto como referência o que entende por sensibilidade estática.
3. "A arte faz parte da vida". Concorda com a opinião do autor? Justifique a sua resposta.
(Retirado do site Netprof)

O que é a arte?

Matisse

"O ponto de partida de todos os sistemas de estética tem de ser a experiência pessoal de um emoção particular. Aos objectos que provocam esta emoção chamamos "obras de arte". Todas as pessoas sensíveis concordam em afirmar que as obras de arte provocam uma emoção peculiar. Naturalmente, não quero com isto dizer que todas as obras provocam a mesma emoção. Pelo contrário, cada obra gera uma emoção diferente. Mas todas estas emoções podem ser identificadas como emoções da mesma espécie. Seja como for, até ver, a melhor opinião está do meu lado. Julgo que a existência de uma espécie particular de emoção, provocada pelas obras de arte visual, emoção essa que é provocada por todos os géneros de arte visual (pinturas, esculturas, edifícios, vasos, gravuras, têxteis, etc., etc), não é posta em dúvida por quem for capaz de a sentir. Esta emoção chama-se "emoção estética" e, se pudermos descobrir alguma qualidade comum e peculiar de todos os objectos que a provocam, teremos solucionado o que considero ser o problema central da estética. Teremos descoberto a qualidade essencial da obra arte, a qualidade que distinga as obras de arte de todas as outras classes de objectos.
Pois ou todas as obras de arte visual têm uma qualidade comum, ou quando falamos de "obra da arte", estamos a divagar sem nexo. Toda a gente fala de "arte", operando uma classificação mental pela qual distingue a classe das "obras de arte" de todas as outras classes. Qual é a justificação para esta classificação? Qual é a qualidade comum e peculiar de todos os membros desta classe? Seja qual for, não há dúvida de que se encontra frequentemente em companhia de outras qualidades; mas estas são adventícias - aquela é essencial. Tem de haver uma qualidade sem a qual não pode haver obra de arte. Possuindo - a, ainda que em grau mínimo, nenhuma obra é desprovida de valor. Que qualidade é esta? Qual é a qualidade que é partilhada por todos os objectos que provocam emoções estéticas? Qual é a qualidade que é comum a Santa Sofia e às janelas de Chartres, à escultura mexicana, a uma taça persa, aos tapetes chineses, aos frescos de Giotto, em Pádua, e às obras primas de Poussin, Piero, della Francesca e Cézanne? Parece-me que há uma única resposta possível: a forma significante. Em cada um destes objectos, uma particular combinação de linhas e cores, certas formas e relações entre formas, despertam as nossas emoções estéticas. A estas relações e combinações de linhas e cores, a estas formas esteticamente estimulantes, chamo eu " Forma Signifcante", e a "Forma Significante" é a única qualidade comum a todas as obras de arte visual."
Clive Bell, O Que é a Arte, (A perspectiva analítica), Dinalivro, pp. 29 e 30



1. Segundo o texto o ponto de partida de todas as obras de arte é a emoção estética. Concorda com a perspectiva do autor? Justifique a sua resposta.
2. Diga o que entende por "forma significante".
(Retirado do site Netprof)