quarta-feira, 4 de março de 2009

Os conceitos de trabalho e de ócio


O termo trabalho refere-se a uma actividade própria do homem. Também outros seres actuam dirigindo suas energias coordenadamente e com uma finalidade determinada. Entretanto, o trabalho propriamente dito, entendido como um processo entre a natureza e o homem, é exclusivamente humano. Neste processo, o homem se enfrenta como um poder natural, em palavras de Karl Marx, com a matéria da natureza. A diferença entre a aranha que tece a sua teia e o homem é que este realiza o seu fim na matéria. Ao final do processo do trabalho humano surge um resultado que antes do início do processo já existia na mente do homem. Trabalho, em sentido amplo, é toda a actividade humana que transforma a natureza a partir de certa matéria dada. A palavra deriva do latim "tripaliare", que significa torturar; daí a passou a ideia de sofrer ou esforçar-se e, finalmente, de trabalhar ou agir. O trabalho, em sentido económico, é toda a actividade desenvolvida pelo homem sobre uma matéria prima, geralmente com a ajuda de instrumentos, com a finalidade de produzir bens e serviços.


Termo ócio

Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às idéias e ao espírito…”Na Grécia antiga dava-se mais valor ao ócio do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses, já que os espartanos eram guerreiros. O quotidiano do povo grego acontecia fundamentalmente nos ginásios desportivos, nas termas, no fórum ou outros lugares de reunião. Interessante notar que a palavra ócio, em grego, é skole; de onde deriva a palavra escola em português, que em latim é schola e em castelhano, escuela. Quer dizer, os nomes dados aos lugares destinados à educação significavam ócio para os gregos. Assim, eles consideravam o ócio como algo a ser alcançado e desfrutado. Para o filósofo Aristóteles, o ócio era uma condição ou estado – o estado de estar livre da necessidade de trabalhar. Ele fala também da vida ociosa em contraposição à vida de acção, entendendo por acção as actividades dirigidas para obtenção de fins materiais. Não considerava ócio a diversão ou o recreio, porque eram actividades directamente relacionadas com descanso do trabalho; e a capacidade de viver devidamente o ócio era a base do homem livre e feliz. Já o conceito de ócio dos romanos na Idade Média era que as pessoas muito ocupadas buscavam-no não como um fim, mas como descanso e diversão no intervalo de suas diversas actividades – exército, comércio, governo. De acordo com estudiosos, a vida de ócio dos gregos só foi possível por causa da escravidão, pois na época havia duas classes de homens: os dedicados à arte, à contemplação ou à guerra; e os que eram obrigados a trabalhar, inclusive em condições precárias: os escravos. Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às ideias e ao espírito, na contemplação da verdade, do bem e da beleza, de forma não utilitária.
Vários autores e o cidadão comum utilizam diferentes termos para se referir ao tempo livre:Ócio (do latim otiu) = vagar, descanso, repouso, preguiça;Ociosidade (do latim otiositate) = o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça;Descanso = repouso, sossego, folga, vagar, pausa, apoio, demora;Lazer (do latim licere) = ócio, vagar.Fazendo convergir as diversas expressões, podemos considerar a ausência de qualquer actividade concreta, ou seja, certa liberdade de não fazer coisa alguma. Surge de forma clara uma tentativa de definir certo tempo (fora das ocupações diárias) em contraponto com o outro tempo (o das ocupações diárias). Assim, o conceito “tempo livre” parece aquele que melhor corresponde à necessidade de “baptizar” a parte do dia em que não estamos ocupados com actividades definidas. O conceito mais aceito a respeito do lazer é o do sociólogo francês Joffre Dumazedier: “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir- se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
(Adaptação de texto retirado da net)