sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fim


Este blog chega ao fim, entrámos de férias mas no fundo não sei se estarei convosco no próximo ano lecitvo. Adorei tê-los como alunos ... Até sempre!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Os conceitos de trabalho e de ócio


O termo trabalho refere-se a uma actividade própria do homem. Também outros seres actuam dirigindo suas energias coordenadamente e com uma finalidade determinada. Entretanto, o trabalho propriamente dito, entendido como um processo entre a natureza e o homem, é exclusivamente humano. Neste processo, o homem se enfrenta como um poder natural, em palavras de Karl Marx, com a matéria da natureza. A diferença entre a aranha que tece a sua teia e o homem é que este realiza o seu fim na matéria. Ao final do processo do trabalho humano surge um resultado que antes do início do processo já existia na mente do homem. Trabalho, em sentido amplo, é toda a actividade humana que transforma a natureza a partir de certa matéria dada. A palavra deriva do latim "tripaliare", que significa torturar; daí a passou a ideia de sofrer ou esforçar-se e, finalmente, de trabalhar ou agir. O trabalho, em sentido económico, é toda a actividade desenvolvida pelo homem sobre uma matéria prima, geralmente com a ajuda de instrumentos, com a finalidade de produzir bens e serviços.


Termo ócio

Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às idéias e ao espírito…”Na Grécia antiga dava-se mais valor ao ócio do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses, já que os espartanos eram guerreiros. O quotidiano do povo grego acontecia fundamentalmente nos ginásios desportivos, nas termas, no fórum ou outros lugares de reunião. Interessante notar que a palavra ócio, em grego, é skole; de onde deriva a palavra escola em português, que em latim é schola e em castelhano, escuela. Quer dizer, os nomes dados aos lugares destinados à educação significavam ócio para os gregos. Assim, eles consideravam o ócio como algo a ser alcançado e desfrutado. Para o filósofo Aristóteles, o ócio era uma condição ou estado – o estado de estar livre da necessidade de trabalhar. Ele fala também da vida ociosa em contraposição à vida de acção, entendendo por acção as actividades dirigidas para obtenção de fins materiais. Não considerava ócio a diversão ou o recreio, porque eram actividades directamente relacionadas com descanso do trabalho; e a capacidade de viver devidamente o ócio era a base do homem livre e feliz. Já o conceito de ócio dos romanos na Idade Média era que as pessoas muito ocupadas buscavam-no não como um fim, mas como descanso e diversão no intervalo de suas diversas actividades – exército, comércio, governo. De acordo com estudiosos, a vida de ócio dos gregos só foi possível por causa da escravidão, pois na época havia duas classes de homens: os dedicados à arte, à contemplação ou à guerra; e os que eram obrigados a trabalhar, inclusive em condições precárias: os escravos. Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se às ideias e ao espírito, na contemplação da verdade, do bem e da beleza, de forma não utilitária.
Vários autores e o cidadão comum utilizam diferentes termos para se referir ao tempo livre:Ócio (do latim otiu) = vagar, descanso, repouso, preguiça;Ociosidade (do latim otiositate) = o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça;Descanso = repouso, sossego, folga, vagar, pausa, apoio, demora;Lazer (do latim licere) = ócio, vagar.Fazendo convergir as diversas expressões, podemos considerar a ausência de qualquer actividade concreta, ou seja, certa liberdade de não fazer coisa alguma. Surge de forma clara uma tentativa de definir certo tempo (fora das ocupações diárias) em contraponto com o outro tempo (o das ocupações diárias). Assim, o conceito “tempo livre” parece aquele que melhor corresponde à necessidade de “baptizar” a parte do dia em que não estamos ocupados com actividades definidas. O conceito mais aceito a respeito do lazer é o do sociólogo francês Joffre Dumazedier: “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir- se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
(Adaptação de texto retirado da net)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Análise de duas pinturas

Bosch

Paula Rego
Olha para os quadros atentamente e responde às seguintes questões:

O que vos sugere os quadros?
O que sentem?
Que horas serão?
Que cores estão presentes?
Que cheiros sugerem os quadros?
Que ruídos se ouvirão?
Onde estariam no quadro? Porquê?
Que perguntariam?
O que temos representado? Com que tipo de pinceladas?
Qual é o estado de alma do autor?
Que tipo de linhas temos nos quadros?
Até que ponto o representado se afasta da realidade?
O que pretende mostrar o autor?
O que tiravam do quadro ou ampliavam?
Quantos planos identificam no quadro?
O que acrescentariam, à primeira pergunta, depois desta análise?
Dá um título a cada quadro?
Escreve uma frase relativa a cada quadro.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O valor da arte reside em si mesma

Paula Rego



"A Arte não é expressão de nada, a não ser de si mesma. Tem uma vida independente, tal como o Pensamento a tem, e desenvolve-se estritamente por caminhos próprios. Não é necessariamente realista numa época de realismo, nem espiritual numa época de fé. Longe de ser uma criação do seu tempo, está normalmente em posição frontal a ele, e a única história que preserva para nós é a história da sua própria evolução. Por vezes, retrocede sobre si mesma, e faz reviver alguma forma antiga, como aconteceu como o movimento arcaizante da arte grega tardia, ou no movimento pré-rafaelita dos nossos dias. Noutras alturas, antecipa por completo a sua época, e produz num dado século obras que exigirão um outro século para serem percebidas, apreciadas e fruídas. Em circunstância alguma reproduz a sua época. Passar da arte de uma época à época em si é o grande erro que todos os historiadores cometem.
A segunda doutrina é esta. Toda a má arte nasce de um retorno à Vida e à Natureza, e da elevação destas a ideais. A Vida e a Natureza podem por vezes ser usadas como parte da matéria prima da Arte, mas, antes de constituírem um benefício real para ela, têm de ser traduzidas em convenções artísticas. No momento em que a Arte abandona o seu meio imaginativo, abandona tudo. Como método, o Realismo é um fracasso completo, e as duas coisas que todo o artista deverá evitar são a modernidade da forma e a modernidade de assunto. Para nós, que vivemos no século XIX, qualquer século, excepto o nosso, é assunto adequado à arte. As únicas coisas belas são as coisas que não nos dizem respeito. Para ter o prazer de me citar a mim próprio, é exactamente porque Hécuba não nos é nada que os seus infortúnios são um tema tão adequado a uma tragédia. Para além disso, só aquilo que é moderno poderá, alguma vez, passar de moda. O Sr. Zola senta-se para nos dar um retrato do Segundo Império. Quem quer saber hoje do Segundo Império? Passou do prazo. A Vida anda mais depressa do que o Realismo, mas o Romantismo anda sempre à frente da Vida.
A terceira doutrina é que a Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida. Isto resulta não apenas do instinto imitativo da Vida, mas do facto de o fim confesso da Vida ser o de encontrar expressão, e de a Arte lhe oferecer algumas forma belas através das quais poderá realizar a sua energia. Esta é uma teoria nunca antes exposta, mas que é extremamente fértil, e lança uma luz inteiramente nova sobre a História da Arte.
Segue-se como corolário disto que também a natureza exterior imita a Arte. Os únicos efeitos que é capaz de mostrar-nos são efeitos que víramos antes na poesia, ou em pinturas. É este o segredo do encanto da Natureza, bem como a explicação da sua debilidade.
A revelação final é que Mentir, o enunciar de coisas belas e falsas, é o verdadeiro fim da Arte. Mas disto creio ter dito que chegue. E agora vamos até ao terraço, onde "cai o pavão branco de leite como um fantasma", enquanto que a estrela da tarde "deslava de prata o entardecer". Ao crepúsculo, a natureza adquire um efeito maravilhosamente sugestivo, e não é desprovida de encanto, embora, talvez, a sua função principal seja a de ilustrar citações dos poetas. Anda! Já falámos que chegasse."

Oscar Wilde,Intenções: Quatro Ensaios Sobre Estética, Cotovia, Lisboa, 1992, pp. 50-52

O espectador

Klimt


Mas a obra de arte uma vez constituída, fica liberta das amarras que a une ao criador. Ela fica a fazer parte de um mundo físico , valendo por si. As intenções que presidiram à sua criação podem não ser captadas pelo espectador que perante ela se situa. A obra de arte sobrecarrega-se das significações próprias de quem contempla, pelo que a sua interpretação se afasta muitas das vezes daquilo que o artista quis comunicar.
O sujeito que contempla faz uma leitura da obra de arte, construindo uma estrutura inteligível que lhe permite perceber o que vê, o que ouve, o que percepciona. A captação racional daquilo que se observa dá-nos uma imagem que tende para a objectividade, por se conformar às determinações do objecto em questão. O comportamento estético implica que possamos a partir de imagens construir renovadas configurações do real.
É pela imaginação que criador e espectador se afastam do real dado e se evadem por esferas em que as representações adquirem caracteres que se vão distanciando do mundo natural, entrando num mundo totalmente livre.



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O artista criador e espectador

Monet


"Na noção de obra de arte estão geralmente implícitos dois aspectos: a) o autor realiza um objectivo acabado e definido, segundo uma intenção bem precisa, aspirando a uma fruição que o reinterprete tal como o autor pensou e quis; b) o objecto é fruído por uma pluralidade de fruidores, cada um dos quais sofrerá a acção, no acto de fruição, das próprias características psicológicas e fisiológicas, da própria formação ambiental e cultural, das especificidades da sensibilidade que as contingências imediatas e a situação histórica implicam. (…)
O autor não ignora geralmente esta condição de situacionalidade de cada fruição; mas produz a obra como abertura a estas possibilidades, abertura que, no entanto, oriente tais passibilidades."
Umberto Eco, A Definição da Obra de Arte.

1. Tendo o texto como referência, discuta a interacção necessária entre o artista criador e o público receptor da obra de arte.

(Retirado do site Netprof)

A especificidade da linguagem artística

Klimt

Na arte está patente um complexo de símbolos transmissores das vivências do artista, pelo que toda a arte se constitui como linguagem. De facto, a obra de arte é um conjunto mais ou menos ordenado de sinais, emitidos pelo criador e que o espectador tem de interpretar em termos de significado. A sua linguagem é altamente subjectiva, a arte serve-se de sinais específicos para dizer o que as formas de comunicação objectiva não conseguem dizer. A linguagem objectiva presta-se para exprimir realidades exteriores sobre as quais todos podem estar de acordo. Já a arte se presta a traduzir aquilo que em nós existe de mais secreto, subjectivo e de mais difícil comunicação. A obra de arte exige uma leitura especial.
Em face de criações abstractas, o acesso ao conteúdo significativo torna-se mais difícil, então a obra é interpretada mais em função das significações daquele que a contempla do que das intenções do artista que a concebeu. Nestes casos, o espectador torna-se criador, projectando na obra a sua experiência de vida, os seus conflitos, as suas esperanças, os seus anseios, os seus projectos. Por esta razão não há duas leituras iguais da mesma obra de arte.
Sendo a arte uma linguagem, o que é que ela pode dizer?
Pode dizer aquilo que o artista quer transmitir. Ele relata todo um conteúdo significativo referente, por exemplo a um acontecimento, paisagem natural, o artista pode espelhar a sociedade do seu tempo de um modo elogioso ou crítico. Pode expressar convicções religiosas ou políticas. Mas a intenção do artista não é apenas falar do mundo exterior. Ele fala igualmente de si, transmitindo aos outros o seu modo próprio de sentir e de pensar, as suas emoções, os seus estados de alma, o mundo interior. Para além do mundo exterior e interior que o artista quer comunica aos outros há que referir aquilo que o artista diz sem ter consciência.
Pois, a obra de arte fala, a arte é palavra, criação é palavra- isto significa que criar é uma iniciativa individual, como falar. O objecto criado é também uma palavra, uma mensagem.
A arte é uma forma de expressão e como tal objectiva; materializando, eternizando uma experiência, mas é também uma forma de comunicação, pressupõe um destinatário/receptor de uma mensagem, como qualquer outra linguagem. A arte é vista como um texto que implica uma actividade interpretativa do leitor. A linguagem artística é polissémica, o que permite a recriação por parte do espectador.
A natureza enquanto mundo físico, está presente na obra. É nela que o artista se inspira, é dela que retira os elementos ao dispor, é dela que extrai as cores, os sons, as formas, as personagens, os movimentos, os ritmos que combinam para dar corpo à criação.
O artista tem procurado a melhor maneira de se exprimir e de comunicar. Utilizando os mais diversos materiais (tela, palavras, vidro, plástico, etc.) recorrendo às mais variadas atitudes provocatórias, alterando os mais diversos cânones.
A criação artística não resulta exclusivamente da actividade consciente implicada na preparação e execução da obra. Para se ser artista, é necessário algo mais do que adquirir conhecimentos de arte, desenvolver a sensibilidade e dominar técnicas de execução através de esforços voluntários, conscientes e intencionais. Fala-se de talento, de intuição, de imaginação, pretendendo aludir a processos psicológicos não localizáveis no domínio conscientes. A obra é o resultado de um longo esforço, preparatório em que o artista se empenha conscientemente munido de elementos fundamentais.